Psicólogo destaca importância da família na recuperação das drogas

Para o psicólogo, a solidão, que é um fator que pode levar o indivíduo a usar drogas, não deve ser considerada como doença. “Comecei a usar drogas por presenciar sempre meu pai e minha mãe brigando em casa, e, muita dessas vezes, ele a agredia fisicamente”. Esta é a declaração de um jovem que desejou não revelar identidade, temendo represálias e preconceitos por parte de amigos e familiares. Ele também afirmou ter começado a usar drogas em consequência da falta de estrutura familiar. Ainda de acordo com o jovem, a ausência do pai e da mãe na fase de adolescência do filho pode ser também um fator determinante para que o adolescente se torne um usuário de drogas. “Eu presenciava atos de violência dentro de casa; meu pai, desempregado e batendo na minha mãe, isso só me levava para a rua, onde havia a ‘minha galera’. Só que, para ficar no grupo, tinha que cheirar ou usar crack”, contou o jovem. Tratamento Para o psicólogo Ary Nepote, a solidão é uma das razões para levar o jovem a usar drogas. “A solidão social em um grupo ao qual a pessoa pertencia e no qual passou a ser descriminada, a rejeição e também a ‘solidão cósmica’ – que é a ausência de Deus na vida das pessoas – podem ser fatores determinantes”, destacou Nepote. De acordo o Nepote, o jovem está afastado da família, que, segundo ele, hoje padece de um grande mal: o isolamento das pessoas na própria casa onde vive. “As pessoas não vivem juntas, moram juntas. Cada um tem afazeres específicos e, no momento em que esses afazeres terminam, buscam compensações, muitas vezes pela internet, que também é uma busca de referência de grupos sociais fora da família, assim como a internet, de certo modo, também os ajuda a se perceberem”, ressaltou Para o psicólogo, a solidão, que é um fator que pode levar o indivíduo a usar drogas, não deve ser considerada como doença. “Não podemos considerá-la como doença. Se me falta comunicação, falta proposta de encontro. Às vezes também não se tem a compreensão de que um diálogo é necessário e que, quando o silêncio é um fator que permanece no ambiente doméstico familiar onde eu pertenço, esse tipo de vazio tem que ser preenchido com propostas”, ressaltou. Questionado sobre as campanhas feitas pela mídia e que estão sempre direcionadas ao público jovem, o psicólogo alerta para a importância da participação da família no processo de recuperação das drogas. “Hoje está faltando para a família o papel de mediar o que a imprensa diz a respeito, com a realidade que a família convive, porque cada família tem valores e propostas, tem interesses e motivações pertinentes ao próprio grupo. Na medida em que isso pode ser mediado com as informações que a imprensa traz, é justo afirmar que a mídia também tem um fator educativo”, disse Ary. Segundo Nepote, o tratamento que pode produzir algum resultado na recuperação da dependência química é o que o próprio grupo de referência participa. “A família é a peça fundamental na recuperação das drogas, isso porque nós nunca devemos nos esquecer de que o ambiente onde o indivíduo mora é o ambiente natural onde ele sobrevive e convive”, orientou o psicólogo, enfatizando que “a família é fundamental no processo terapêutico de resgate à dignidade, pois nenhum tratamento por si só pode resolver o problema da dependência, fortalecendo a estrutura familiar, ele leva no seu conteúdo psíquico o valor da família na participação de sua recuperação”, comentou o psicólogo Ary Nepote.



Fonte:  http://www.noticiasdabahia.com.br/ultimas_noticias.php?cod=10683

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