Solidão: Um Sinal de Depressão
A minha
motivação inicial era abordar o tema “Depressão”, porém, considerando a
importância e o volume de informações a respeito, decidi por apresentar alguns
artigos que, juntos, darão uma visão interessante a respeito desse transtorno,
o qual, até o ano 2020, será a doença com o segundo maior número de ocorrências
no mundo inteiro, superado apenas pelos problemas cardíacos. A depressão é um
quadro que abrange o organismo todo, que compromete o orgânico, o afeto e o
pensamento, e que altera a maneira como a pessoa vê o mundo e sente a
realidade, entende as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer
com a vida. Ela afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente
em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas, sendo um dos principais
sintomas, a solidão, ou o isolamento social, tema que será apresentado nesse
artigo.
A solidão é
uma manifestação humana que considero de extrema preocupação, dado ao
sofrimento que a pessoa sente, ao ver-se, ainda que fantasiosamente, sozinha no
mundo. Essa percepção de solidão pode referir-se aos amigos, à família,
ambiente de trabalho, enfim, a todas as situações onde, havendo a possibilidade
da interação social, o depressivo não a vivencia, acabando por ser inundada
pelo sentimento de estar só, no caso em que me refiro, à perda das relações
interpessoais. Para melhor compreender o conceito de solidão, Gomes (2001)
tenta defini-la em termos sociológicos, de acordo com os quais é subproduto da
construção social do indivíduo. Ao afirmar sua individualidade, o homem afirma
também a fragmentação do universo social e o isolamento do outro. Esse isolamento,
porém, pode tornar-se insuportável e gerar a tentativa de ser superado por meio
da relação interpessoal. Do ponto de vista sociológico, a solidão é, assim, o
resultado da produção social de um homem "egocentrado",
individualista, narcisista. Na visão psicológica, a solidão caracteriza-se pela
falta de afetos do outro e está intimamente relacionada com o sentimento, com a
sensação de se estar só. A outra pessoa, mesmo estando próxima geograficamente,
não é percebida como um ser que realiza a aproximação psicológica, logo, é
visto como aquele a quem falta interação e comunicação emocional.
É importante
considerarmos, também, que os tempos atuais, marcados por grandes avanços
científicos e tecnológicos e pela expansão dos meios de comunicação, tem gerado
uma crescente solidão no ser humano haja vista que esta comunicação está
altamente comprometida devido ao estilo de vida individualista e consumista.
Assim, a solidão assume uma posição de relevância entre os mais graves
problemas que desafiam a cultura e o homem. O mundo da tecnologia e da
crescente expansão dos meios de comunicação tem, cada vez mais, produzido
indivíduos solitários. O desenvolvimento tecnológico, com suas extraordinárias
potencialidades de humanização e de socialização, contrapõe-se à crescente
solidão e ao individualismo gerados nas relações sociais. O individualismo
narcisista aparece como sintoma social nas sociedades ocidentais contemporâneas
e produz a solidão, a sensação de vazio, de falta, no homem: A falta ou, melhor
dizendo, a suposta falta, levará a comportamentos de compensação ligados ao
consumo, tais como comprar e comer. Trata-se de ingerir, de se completar, de
tentar preencher o que falta, ou o vazio, gênese da baixa auto-estima de um
mundo individualista que dá lugar à solidão. Além disso, há a “revolução
sexual”, onde a troca sistemática de parceiros pode esconder uma comunicação
humana de muito desespero e solidão, tornando a busca do encontro sexual uma
necessidade obsessiva de alimento contra o vazio, no que denomina 'os viciados
em amor', gerando a robotização da sexualidade com graves prejuízos emocionais.
E como
escapar da solidão? A psicoterapia é um poderosa via para isso pois mostra-se
como uma oportunidade de usá-la como recurso poderoso, capaz de fazer a pessoa
entrar em contato consigo mesmo para, a partir daí, amadurecer e melhorar
significativamente seus relacionamentos. Confronta-se a solidão desenvolvendo
os recursos interiores, a força e o senso de direção, usando-os como base de um
relacionamento significativo com outros seres humanos. Os indivíduos
“artificiais” tornam-se cada vez mais solitários, por mais que se apóiem nos
outros, pois gente vazia não possui a base necessária para aprender a amar.
A
psicoterapia também pode ajudar a pessoa a reverter alguns traços muito comuns
da depressão: imagens negativas sobre si próprio, sentimentos negativos em
relação ao futuro e baixa auto-estima. O estabelecimento de uma relação
psicoterapêutica de suporte é habitualmente crucial, inclusive no tratamento
dos doentes psiquiátricos, independentemente do seu diagnóstico. Mas atenção:
não há "técnicas milagrosas"! A psicoterapia demanda um tempo pois
considera o real potencial e o gênio inato de cada um. Na terapia, o processo
de crescimento deve ser consistente. Deve-se preencher os buracos da
personalidade para torná-la novamente inteira e completa, estimulando-se uma
maior auto-aceitação e o processo de crescimento humano. De modo bastante
simplório, podemos dizer que a psicoterapia é um ginástica para a alma, que
dentre os seus benefícios, está o fortalecimento das condições individuais para
a melhoria das relações sociais e, por conseguinte, do desaparecimento da
sensação de solidão. Pratique psicoterapia: Procure um Psicólogo!
.
PSICÓLOGO PAULO CESAR
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