Um poema - A solidão


 A SOLIDÃO Ó solidão! À noite, quando, estranho, 
Vagueio sem destino, pelas ruas, 
O mar todo é de pedra... E continuas. 
Todo o vento é poeira... E continuas. 
A Lua, fria, pesa... E continuas. 
Uma hora passa e outra... E continuas. 
Nas minhas mãos vazias continuas, 
No meu sexo indomável continuas, 
Na minha branca insónia continuas, 
Paro como quem foge. E continuas. 
Chamo por toda a gente. E continuas. 
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas. 
Invento um verso... E rasgo-o. E continuas. 
Eterna, continuas... Mas sei por fim que sou do teu tamanho! 

Pedro Homem de Mello, in "O Rapaz da Camisola Verde"




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